27 de abr. de 2009

Uma manhã

Amanheço.
Desperto dentro de outro dia
Sem qualquer memória do ontem
Seja tristeza ou alegria.
Ao tempo sucede o próprio tempo:
Crepúsculo, aurora, ocaso...
À minha mesa sentado, observo sua passagem:
Movimento lento de meu olhar vago.
Sou filho do acaso, fruto do momento.
Quando vago o tempo observa minha passagem:
Movimento árduo de meu corpo arcado.
Amanheço sem qualquer memória
Que não a do próprio tempo em mim marcado,
Notas ao pé da página de meu viver já antigo.
Tenho por companheiro o existir comigo
E junto a ele desperto no dia por ser vivido.
Ações, palavras, silêncios o irão compor
Para se decompor depois, sedimentando sonhos
Sementes lançadas ao acaso nos campos da mente...
Amanheço.
Desperto dentro de outro dia
Sem qualquer memória do hoje
Seja tristeza ou alegria

01/03/95
07:58

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