27 de abr. de 2009

Ares dos dias

Não é um dia como outro qualquer
(Um dia nunca é como o outro)
Retornar ao mundo real e palpável
Após o arremessamento do corpo
No incorpóreo das alternativas vivências
Traz o atordoamento da mente
E o cansaço físico inevitável
É preciso tocar de leve nos fios que conduzem
De novo ao viver regularmente:
Uma voz amiga, um ambiente amistoso
Uma refeição cotidiana ainda que feita na rua
A caminhada pela vizinhança familiar
Sem estranhamento
O ir ao cinema e sentar-se calmo
Aguardando a projeção
Encontrar rostos conhecidos
Manter diálogos singelos
Os dias jamais são comuns
E este não é um dia como outro qualquer
Como eu não sou aquele que era
Ou sou o mesmo acrescido do contentamento natural
De apreender o dia de hoje e seus ensinamentos
Vivo da calma de estar respirando
Estátua aos poucos (re)aprendendo os sentidos
Lacunas, mergulhos, disparos e movimentos lentos
Corpo e mente desintegrando-se, re-integrando-se
Expansão e colapso sobre si mesmo
Sismo de vivências na sede dos dias
Bebidos ora com avidez, ora pausadamente
A degustar as horas
Vendo os dias aos poucos modificando-se
Em espetáculos ímpares que parecem os mesmos
(Descubro pequenas marcas em meu rosto)
Ah, que seja doce o despertar de hoje...

05/06/95
18:00

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