10 de out. de 2009

Basta um dia

Basta um dia. Um dia apenas e esquecemos tudo.
Basta um dia, e jogamos fora as dores de amores, as tristezas de corações partidos, de olhares não correspondidos, da languidez carente e devassa que nos oferecia à primeira boca aberta em flor para nos engolir a alma.
Basta um dia, e esquecemos depressa as alegrias da infância, o primeiro brinquedo, o primeiro folguedo, o primeiro balanço, o primeiro descanso no colo da avó. Basta um dia.
Basta um dia, e lançamos no vácuo todos os nossos sentidos, os nossos sentires, os nossos cantares, os nossos ouvires, os nossos sorrisos, os nossos amigos, os nossos abraços.
Basta um dia, e NÃO!
Não amor
Não cor
Não torpor
Não calor
Basta um dia, e NÃO!
Não tocar
Não beijar
Não gozar
Não falar
Basta um dia, e NÃO!
Não luzir
Não sorrir
Não fugir
Não seguir
Basta um dia, e NÃO!
Não crescer
Não vencer
Não nascer
Não viver
Basta um dia.
E a luz se apaga, e o sol se põe, e a lua vem, e ninguém...
Basta um dia e nunca mais manhã, nunca mais terçã, nunca mais nunca.
Basta um dia, e esqueço todas as palavras que diriam o que quero e não sei.
Basta um dia.
Basta de poesia.

9 de out. de 2009

Jeitinho brasileiro











Há que se viver intensamente!
Se não puder ser literalmente
Que seja, ao menos, literariamente.

7 de out. de 2009

Soneto das 15:37














Lanço ao vento minhas emoções vastas
Porque tu, vida apenas, não me bastas.
Quero estrelas – todas: vivas ou mortas
No céu frouxo de minhas rimas tortas.

Toma meu peito, quieta meu coração
Com a mão arranca mágoas e tristezas
- Teus olhos calmos derramam certezas
Que amores gentis por certo virão.

Lanço ao vento minhas emoções baças,
Que a contravento chegam as tormentas
De se viver assim inutilmente,

Como se as dores de viver fossem chalaças.
Se abraçá-las tu, sozinho, intentas
Então viver já vale, intensamente.