10 de out. de 2009

Basta um dia

Basta um dia. Um dia apenas e esquecemos tudo.
Basta um dia, e jogamos fora as dores de amores, as tristezas de corações partidos, de olhares não correspondidos, da languidez carente e devassa que nos oferecia à primeira boca aberta em flor para nos engolir a alma.
Basta um dia, e esquecemos depressa as alegrias da infância, o primeiro brinquedo, o primeiro folguedo, o primeiro balanço, o primeiro descanso no colo da avó. Basta um dia.
Basta um dia, e lançamos no vácuo todos os nossos sentidos, os nossos sentires, os nossos cantares, os nossos ouvires, os nossos sorrisos, os nossos amigos, os nossos abraços.
Basta um dia, e NÃO!
Não amor
Não cor
Não torpor
Não calor
Basta um dia, e NÃO!
Não tocar
Não beijar
Não gozar
Não falar
Basta um dia, e NÃO!
Não luzir
Não sorrir
Não fugir
Não seguir
Basta um dia, e NÃO!
Não crescer
Não vencer
Não nascer
Não viver
Basta um dia.
E a luz se apaga, e o sol se põe, e a lua vem, e ninguém...
Basta um dia e nunca mais manhã, nunca mais terçã, nunca mais nunca.
Basta um dia, e esqueço todas as palavras que diriam o que quero e não sei.
Basta um dia.
Basta de poesia.

8 comentários:

  1. Não!!!
    Basta, não...
    Sua poesia me basta
    Pelo menos por hora!!
    Lindo... Sempre à flor da pele...
    Que não baste nunca ...
    beijos

    ResponderExcluir
  2. E se não bastar?
    Que bosta!
    Mas poesia é assim, vai não vem, vem não vai. Enquanto isso a gente dá com a cara na vida.

    ResponderExcluir
  3. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  4. Ultimamente a vida tem dado na minha cara.
    Caras de pau
    olham para minha cara lavada
    querendo cravar suas cretinices em meus cravos.
    Caras canalhas
    cultivam crises crescente diante
    de suas caras metades.
    Carência,esquisofrenia ou discalculia?
    Minha cara cretina não basta para calar?
    Caralho !Para que?

    ResponderExcluir
  5. A gente tem que ter cara dura para aguentar.

    ResponderExcluir
  6. Não acho.
    A gente tem quer ser bunda mole.

    ResponderExcluir
  7. Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente
    Ou foi o mundo então que cresceu?
    A gente tem que ter voz ativa, no nosso destino mandar. Pois é, meu amigo, mas eis que chega a roda-viva e carrega o nosso destino bem para lá.
    Esse mundo roda e roda...
    É um tal de roda mundo, roda-gigante,
    roda-moinho, roda- peão e o tempo roda num instante,nas voltas do nosso coração.
    A gente tem que ir contra a corrente
    até não poder resistir...
    Mas, as vezes não dá não.
    Rs.Rs
    Lembra disso?
    Parabéns pelo poema.
    Bom dia!
    Fátima

    ResponderExcluir
  8. Lembro. Aí dá uma nostalgia grande de um outro tempo, não necessariamente melhor, mas outro, porque não este. Outro sem regras (muitas), sem responsabilidades, sem compromissos de ser certinho: bom filho, bom amante, bom aluno, bom profissional - coisas que deveríamos 'poder' ser sem ter a 'obrigação' de ser.
    Neste momento aqui, ir contra a corrente pode acabar em se estar acorrentado. Às vezes é preciso um gesto, um encostar de leve, de pluma, na pele, para desagrilhoar. A leveza é conquistada a força... parece.
    Ótimo dia, Fátima.

    ResponderExcluir