(da série de textos perdidos)
Passeando os olhos pelos jardins, descobri que ainda não saí de dentro do espelho. Ter uma janela aberta e uma visão virtual de uma realidade impalpável... que grande mistério. Quem não acreditar em contos de fadas não poderá entender, jamais, "As Aventuras de Alice Através do Espelho". Minha realidade é um outro mundo. Mas não posso provar a todos sua existência. É preciso crer tanto na imaginação quanto na realidade invisível.
Sou um mago passeando pelos jardins dentro do espelho com a minha janela aberta. Assim consigo fazer com que as pessoas, para me entenderem, atravessem o espelho e enxerguem através da minha janela. Poucas conseguiram.
Não sou tão humano para ser comum. A minha imagem é virtual.
(26/10/1986 - 17:35)
Escrito numa época em que pouco se falava em realidade virtual. A virtualidade era, de fato, aquela da imagem que se formava no espelho, um conceito explicado nas aulas de física e do qual já não me lembro dos detalhes - algo como a imagem não se formar na superfície do espelho, mas em um ponto posterior, inexistente na realidade, uma coisa assim. Fica a curiosidade. E a voz de um eu lírico extremamente presunçoso (rs).
Saudades Cintilantes
Há 6 anos